quarta-feira, 24 de abril de 2013

vizinha da CSN relata histórico de doenças


Siderúrgica, porém, nega que moradores de condomínio estejam em risco
Publicado:
20/04/13 - 17h00
Atualizado:
20/04/13 - 18h25
RIO - Não sai da cabeça da dona de casa Danusa Ferreira, de 39 anos, que a causa de uma série de doenças que acometeu sua família nos últimos anos está no ar que respira e sob seus pés. O medo, compartilhado por muitos vizinhos, foi acentuado nas últimas semanas, após o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) divulgar um relatório alertando para as altíssimas concentrações de poluentes cancerígenos no solo do condomínio Volta Grande IV, em Volta Redonda, no Médio Paraíba. No ano passado, Danusa foi parar numa mesa de cirurgia para tirar o útero, por causa do aparecimentos de diversos cistos. Agora, os miomas voltaram, nos ovários.

Em sua casa, os problemas não param por aí. A filha, de 11 anos, sofre de leucopenia, doença marcada pelo baixo número de leucócitos no sangue. Seu marido também passou por uma cirurgia, alguns anos atrás, após desenvolver uma sinusite aguda. Já o filho tem uma alergia não diagnosticada, que faz aparecer manchas brancas em sua pele.
— Quando comprei a casa, há 15 anos, andava por essas ruas e sonhava com o meu futuro aqui. Só fomos descobrir que havia algo errado cerca de cinco anos depois. Primeiro, ocorreu um grande vazamento de um líquido branco numa área. A CSN comprou as quatro casas do local e cimentou tudo, transformando numa quadra de futebol. Depois soubemos que, naquele ponto, havia um depósito químico enterrado. Em todo o condomínio, quando furávamos o chão para ampliar nossas casas, brotava esse líquido branco com cheiro forte. Demorou até a CSN nos proibir de mexer na terra sem equipamentos de proteção — conta Danusa.
A CSN nega os perigos à saúde, embora um estudo feito pela Waterloo Brasil, a pedido da própria siderúrgica, em 2001, aponte trechos de algumas ruas como tendo concentrações de naftaleno e outros compostos “acima do limite de intervenção”.
Praças cobertas por cimento
Diversas praças de terra estão sendo cobertas por cimento. Segundo os operários das firmas terceirizadas, o serviço foi contratado pela CSN. Perguntada, a empresa não respondeu se solicitou a impermeabilização do solo. Os funcionários não foram informados sobre os riscos de contaminação e trabalhavam, sem o uso de luvas, num local onde ainda é possível ver o líquido branco brotando do solo. Tampouco sabiam sobre a proibição de comer frutos das árvores do local.
Danusa conta que ela e outros vizinhos chegaram a pegar a escória (resíduo) diariamente despejada num terreno vizinho ao codomínio para cimentar o chão das casas, antes de saber do perigo. Depois, a CSN ergueu um muro isolando o local. Placas instaladas pela própria empresa no condomínio alertam para “potencial risco à saúde em caso de cultivo de vegetais, uso da água de poços caipira/cacimba, escavações”.
Apesar disso, são diversas as árvores frutíferas no terreno. Crianças que estudam no Ciep do Volta Grande IV não hesitam em beber a água dos cocos retirados dos coqueiros existentes na rua principal. Há ainda pés de acerola, laranjeiras e cana-de-açúcar. Até hoje, nenhum exame foi feito nos moradores, para verificar se há o acúmulo de substâncias tóxicas no organismo dos 2.200 habitantes do bairro.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/vizinha-da-csn-relata-historico-de-doencas-8173883#ixzz2RNJIL2jN

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