quinta-feira, 11 de abril de 2013

Polícia investiga atentado contra analista ambiental em Paraty


Publicado em 10/04/2013, às 17h26

Última atualização em 10/04/2013, às 17h26
Paraty

Um novo atentado contra uma servidora da Área de Conservação Ambiental (APA) Cairuçu, em Paraty, na madrugada de ontem (09), voltou a amedrontar os funcionários do Instituto Chico Mendes (ICM-Bio). Uma bomba caseira foi jogada na casa de uma analista ambiental, cujo nome não foi revelado. Ninguém ficou ferido. A Polícia Federal foi acionada e o Esquadrão Antibombas da Polícia Civil coletou o material para a perícia. As informações são da Agência Brasil.

Um atentado havia ocorrido em julho do ano passado, quando o carro de outra servidora foi incendiado. Em 2008, a mesma analista teve outro veículo incendiado criminosamente. Foi retaliação contra o combate a crimes e irregularidades ambientais. A funcionária não aguentou as intimidações e deixou a unidade, responsável por proteger a maior concentração de remanescentes de Mata Atlântica da Serra do Mar.
O clima é de apreensão e insegurança entre os seis analistas da APA, além de três analistas do escritório do Parque Nacional. O chefe da APA Cairuçu, Eduardo Godoy, explicou que a região tem vários conflitos ocasionados pela ocupação irregular de solo, que se intensificaram com o fortalecimento dos órgãos ambientais a partir do ano 2000.
- As unidades de conservação estabeleceram restrições de uso de territórios de Paraty, que começaram a se consolidar a partir da década de 2000. A gente começou a fazer valer a lei e isso gera uma série de conflitos, mas às vezes descamba para a área da agressão, da intimidação e não queremos mais isso - comentou ele.

Criada em 1983, APA Cairuçu é Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, com pouco mais 33 mil hectares, que englobam 63 ilhas e áreas naturais de grande interesse turístico, onde são proibidas edificações.
- A legislação tornou as ilhas de Paraty em locais destinados apenas a preservação das biotas [conjunto de todos os seres vivos de uma região]. São áreas não edificantes, e a legislação não é respeitada. É um dos principais motivos de conflito na região. Há muitas ilhas com bares, restaurantes, pousadas. Buscamos um entendimento, mas dentro de um contexto de várias irregularidades e abusos, temos o poder de Polícia e então organizamos operações, embargamos [obras], multamos por essas atividades irregularidades - falou.
Frequentemente, os fiscais são vítimas de várias formas de intimidação, segundo Godoy, como ameaças e agressões verbais. Godoy contou que outra servidora sofreu ameaças e, por decisão judicial, os autores das ameaças estão proibidos de chegar a menos de mil metros da analista.

Segundo o coordenador regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Luiz Felipe de Luca, atentados não vão intimidar o trabalho do instituto, que tomará as medidas para encontrar os responsáveis pelos atentados.
- Estamos trabalhando com a Polícia Federal e com os órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização para e tratar de estratégias de fortalecimento da gestão, porque, fortalecendo a gestão, conseguiremos inibir este tipo de atividade. Não podemos deixar isso acontecer, o atentado a um bem público, que é o meio ambiente, e nós somos responsáveis por garantir sua preservação - comentou ele.

Gladys Regina Vieira Miranda, da Delegacia Federal de Angra dos Reis, responsável pelas investigações do atentado, informou que foi instaurado um inquérito. "Colhemos depoimentos, relatos e vamos buscar imagens de algum comércio próximo. Parece que a bomba foi arremessada no muro da casa, que o intuito não era ferir, apenas de assustar", comentou a delegada. O prazo para conclusão das investigações é 30 dias.



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