quarta-feira, 17 de abril de 2013

Incertezas dominam o bairro


Incertezas dominam o bairro
 Publicação: domingo, 14 de abril de 2013
Volta Grande IV

As famílias residentes na Volta Grande IV, pelo menos em sua maioria, não têm dúvidas de que podem estar com a saúde ameaçada ou até já comprometida por estarem morando num lugar que serviu de depósito para materiais tóxicos resultantes da produção de aço. Ao mesmo tempo, sentem ameaçado o esforço de uma vida inteira para conquistar o sonho da casa própria. Porém, a maneira como o secretário do Ambiente do estado tratou da questão, na semana passada, só serviu para piorar o quadro de incerteza.

"Meu marido comprou a casa e fizemos uma reforma, deixando tudo do nosso jeito. Aí vem alguém e diz que vamos ter que sair, mas não diz pra onde, não diz como e nem se teremos uma casa no mesmo padrão desta que levamos tanto tempo para conseguir", disse uma mulher na faixa dos 40 anos, que pediu para não ser identificada, ao final de uma tensa reunião da comissão de moradores – contestada por algumas famílias – na noite da quarta-feira (10), no Ciep do bairro. Participaram cerca de 200 pessoas.

Também causou irritação uma suposta declaração do secretário Carlos Minc de que os imóveis no bairro estariam avaliados em, no máximo, R$ 150 mil. Segundo os moradores, há residências em que os proprietários – apesar de todo o noticiário envolvendo Volta Grande IV nos últimos anos – já recusaram até R$ 500 mil de oferta.

Fabrício Hausemann, empresário do ramo de informática e morador do bloco 225 (onde os estudos comprovaram a contaminação), desabafou. "Não quero viver em cima de uma bomba", disse, contando que seus dois filhos não brincam mais nas ruas do bairro, onde a família reside há seis anos: "Fiz minha casa durante três anos e quero ter onde morar. Só que, para sair, preciso de aporte dos responsáveis por esta situação. Da forma como falou, o Minc causou um grande abalo psicológico em todo mundo. Isto é irreparável".

O presidente da comissão de moradores, Edson França, afirmou que já foi descartada a aceitação de aluguel social se houver mesmo ordem de realocação das famílias. "Se o juiz decidir por isso, vamos discutir com os moradores para que todos possam opinar. Já temos até um projeto em mente, mas não vamos divulgar ainda", afirmou. "Vamos lutar até o último momento para que os moradores não sejam lesados. Não adianta ficar discutindo o passado, temos que pensar no futuro das famílias", acrescentou.

Segundo ele, a comissão jamais afirmou que há moradores doentes em consequência do terreno onde vivem. "Só poderemos dizer isso quando houver laudos comprovando", ressaltou, confirmando que uma nova reunião da comunidade está prevista para esta quarta-feira, às 19 horas, também no Ciep. Segundo França, será para transmitir o conteúdo da reunião realizada com Minc e com o prefeito de Volta Redonda.

Para o advogado Igor Alexei, a questão deve ser tratada com muito cuidado justamente para evitar o clima gerado com as declarações de Carlos Minc, justamente pelo fato de que a realocação não é algo simples. "A construção de um novo condomínio, ainda que em uma área da CSN, levaria pelo menos um ano e meio. O que está prosperando no bairro é a insegurança, diante da falta de informações. Enquanto o juiz não der o aval, nada acontecerá. A matéria pertence ao Judiciário, não ao Inea".

De positivo, ele concorda que as afirmações de Minc serviram apenas para que a CSN e os órgãos públicos tomem providências, a partir da pressão da opinião pública.

Foco Regional

Moradores na assembleia realizada em Ciep: Incerteza sobre o futuro é grande

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