domingo, 7 de julho de 2013

Cidades atuam para coibir crimes ambientais

Cidades atuam para coibir crimes ambientais
Publicado em 06/07/2013,
Júlio Amaral
Ilegal: Pássaros foram aprendidos na última operação da Guarda Ambiental, em Barra Mansa

Júlio Amaral
jamaral@diariodovale.com.br
Sul Fluminense

Anualmente, cerca de 38 milhões de animais são retirados dos seus habitats no Brasil, todos os anos, para abastecer o mercado ilegal de animais silvestres. Os números fazem parte da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). Na região, os municípios vêm promovendo ações preventivas e projetos para inibir esse tipo de crime.

Em três das maiores cidades do Sul Fluminense - Volta Redonda, Barra Mansa e Resende -, 90% das ações de apreensões de animais silvestres são realizadas graças a denúncias.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Volta Redonda, Carlos Amaro, as denúncias não são muito frequentes no município (foram apenas dez este ano), mas uma equipe é logo deslocada quando elas chegam.

- Recebemos poucas denúncias sobre cativeiros ilegais e vendas de animais silvestres, a maior parte das queixas que chega à secretaria é sobre caçadores de aves - contou, lembrando que na maioria das vezes eles atuam em áreas como Belmonte, Fazenda do Ingá e no Roma. Nenhum caçador foi encontrado nos locais das denúncias este ano.
Amaro explicou que os animais em cativeiro são encaminhados primeiramente ao Zoológico Municipal para avaliação veterinária, e depois disso são enviados ao Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), em Seropédica, na Baixada Fluminense.

Barra Mansa

Se em Volta Redonda não houve apreensões, em Barra Mansa a fiscalização ambiental conseguiu resgatar 64 animais nos primeiros meses de 2013.

Segundo o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adaucto Siqueira, o combate ao comércio ilegal de animais é realizado diariamente, onde em 80% dos casos são de apreensões derivadas de denúncias, e o restante por meio de rondas rotineiras.

Ele explica que os locais de atuação são bem diversificados, mas elegem os bairros Vista Alegre, Cotiara, Ano Bom e Nova Esperança como os mais visados.

Ainda de acordo com Adaucto, cerca de 90% das apreensões são de pássaros, mas também são encontrados animais como pacas, jabutis, bichos preguiça e micos. Só neste ano, foram apreendidos 54 pássaros de diferentes espécies, como trinca-ferro, canários da terra, pixanxão, azulão, tico-tico, um tucano e uma coruja, além de tartarugas, jabutis, uma paca - que foi atingida por um tiro, um bicho preguiça e um mico.

- A grande maioria desses animais é apreendida em cativeiros clandestinos e em locais inadequados para a sua sobrevivência. Também chegam até nós algumas denúncias de caçadores. No momento estamos investigando algumas delas para realizarmos possíveis operações - disse Adaucto.

Além dos animais, gaiolas, armadilhas e até armas também são apreendidas pela equipe da secretaria.

De acordo com a coordenação da Gerência de Fiscalização Ambiental, os animais apreendidos em Barra Mansa seguem o mesmo caminho dos encontrados em Volta Redonda. Eles são encaminhados ao Cetas, enquanto que os feridos são levados para o Zoológico de Volta Redonda para serem tratados e recuperados antes de serem mandados para Seropédica.

Resende

Em Resende, o combate aos crimes ambientais é realizado pela Agência de Meio Ambiente de Resende (Amar), que conta com o apoio do grupamento ambiental da Guarda Municipal, sediado na área de proteção da Serrinha do Alambari, próximo a Penedo (distrito de Itatiaia).

De acordo com o chefe de fiscalização ambiental da Amar, Sandro Lima Maciel, áreas periféricas como a região da Grande Alegria são locais de maior incidência de denúncias, além de áreas de proteção ambiental como as da Serrinha e Mantiqueira, comum pela atividade de palmiteiros e caçadores.

Sandro estima que cerca de 80% das apreensões são feitas a partir de denúncias, enquanto os outros 20% estão relacionados à demanda espontânea, como entrega voluntária de animais feridos - na maioria, pássaros.

- Até o momento, cerca de dez pássaros foram apreendidos este ano, sendo que duas maritacas foram para centros de triagens e cinco coleiros foram soltos na natureza no mês passado - disse Sandro.

De acordo com o chefe de fiscalização ambiental, as operações de grande envergadura que a Amar realizava junto ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estão suspensas temporariamente, enquanto não for normalizada a situação nos centros de triagens - que se encontram lotados.

No entanto, ele garante que as denúncias que chegam até eles são verificadas e, quando encontrados, os animais são apreendidos.

- No caso das pessoas que detém este animal de forma ilegal é cobrada uma multa no valor de R$ 500 por cada um. Como o Centro de Triagem em Seropédica está lotado, os animais retidos em Resende estão sendo encaminhados para o Cetas de Lorena (SP), que também passa pelo mesmo problema, mas em menor intensidade - falou, completando: - Para tentar amenizar este problema, mandamos algumas espécies para o Zoo de Volta Redonda, com quem mantemos uma parceria - disse Sandro.

Ele encerra destacando que as ocorrências envolvendo mamíferos e o combate a caçadores são feitas em conjunto com o Grupamento Ambiental, a Polícia Florestal e o Ibama. Já as denúncias a respeito de armas de fogo, apreensão e averiguação ficam por conta da Polícia Florestal.



Tráfico de animais, um crime lucrativo

São espécimes da fauna silvestre todas aquelas pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou em águas jurisdicionais brasileiras.

Essas espécies sofrem com as investidas do tráfico de animais silvestres, uma prática de comércio ilegal. Em todo o mundo, estima-se que o tráfico de animais silvestres movimente mais de dez bilhões de dólares, perdendo somente para o tráfico de drogas e de armas.

No Brasil, este tipo de crime é a terceira maior atividade criminosa, movimentando aproximadamente cerca de 1,5 bilhão de dólares ao ano, cerca de 10% e 15 % de todo o comércio mundial. O tráfico ameaça as espécies, sobretudo, que já se encontram em ameaça de extinção. A maioria desses animais capturados é proveniente da Mata Atlântica, de onde são enviadas para o Rio ou São Paulo e vendidos em feiras livres ou lojas especializadas, ou então exportados ilegalmente para os Estados Unidos, alguns países da Europa e o Japão. Cerca de 60% do total capturado, porém, é destinado ao mercado interno, abastecendo principalmente colecionadores particulares ou zoológicos clandestinos. A lógica do tráfico é cruel: quanto maior o risco de extinção, maior o valor do animal.



Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,75951,Cidades-atuam-para-coibir-crimes-ambientais.html#ixzz2YMFbLkLN

Nenhum comentário:

Postar um comentário