Em Volta Redonda, moradores relatam que os montes de resíduos tóxicos chegam a quase 20 metros de altura apesar do limite de 4 metros imposto pelo Inea
Por Jhade Marinho* e Julia Kallembach, às 12:45 - 09/09/2020 | Atualizado às 15:10 - 09/09/2020
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Apesar da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que aceitou, no início do mês, o requerimento do Ministério Público do Rio para limitar a altura das pilhas de escória da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, moradores relatam que os montes de resíduos tóxicos já ultrapassam os 20 metros de altura. O Instituto Estadual do Ambiente impõe, atualmente, um limite de 4 metros.
Uma ouvinte, que preferiu não ser identificada e teve a voz distorcida, conta que na madrugada consegue escutar a operação de máquinas descartando escória, material gerado na produção industrial de aço. De acordo com ela, o resíduo é despejado no local todos os dias de 10 em 10 minutos.
Quinze mil pessoas vivem na região onde a montanha de escória aumenta diariamente. O depósito do produto acontece a apenas cerca de 50 metros de distância do leito do Rio Paraíba do Sul, o mais importante do Estado por ser responsável pelo abastecimento de 80% a região metropolitana fluminense.
Além de os montes ficarem cada vez maiores, moradores lidam com um problema ainda mais antigo. A Companhia Siderúrgica Nacional foi multada pela contaminação de um terreno ocupado pelo condomínio Volta Grande IV, mas nada mudou desde então.
A assistente social Mitchelly de Barros mora no conjunto de apartamentos e conta que desenvolveu complicações respiratórias por causa do subproduto. Ela conta que nenhuma assistência médica ou financeira foi dada por parte da empresa.
O Inea afirma que a CSN apresenta ao final de cada mês um relatório contendo diversas informações sobre a operação da unidade e que o impacto imediato causado pelo acúmulo deste material é visual.
Ainda segundo a nota, uma nova planta separadora modular de beneficiamento vai ser instalada e vai ajudar a diminuir a altura da pilha de escória. O Inea disse ainda que não existe uma legislação sobre o aumento das pilhas durante a pandemia. Sobre a decisão do STJ, o instituto disse que aguarda uma resposta da equipe responsável.
A CSN não se posicionou sobre o caso.
*Estagiária sob supervisão de Isabele Rangel